Quem já pesquisou um pouco sobre cibernética sabe que ela surgiu da confluência de duas disciplinas independentes: matemática e biologia, representadas, de início, pelas figuras de Norbert Wiener e de Arturo Rosenblauth, respectivamente. Unindo o conhecimento da mecânica ao da neurologia, a cibernética busca compreender como se dá o processo de “controle/comunicação” em qualquer sistema (conjunto de elementos organizados), seja ele uma máquina ou um ser vivo. O termo tem sua origem na palavra grega kybernetes, a qual significa piloto ou timoneiro. Poderíamos dizer, então, que ela estuda o controle de um elemento dominante (piloto) sobre um sistema (barco), e o tráfego de informações de comando/reação (neste caso, através do timão) entre controlador e controlado. (Comunicação, pois, entre os elementos de um mesmo sistema, ou entre sistemas.) Logo, nossa relação com um automóvel é uma relação cibernética tanto como as relações entre um governante (ou cidadãos) e o Estado, entre nosso Eu e nossas ações, entre nosso cérebro e nosso corpo, entre um maestro e a orquestra, entre a programação humana e as ações de um robô e, arrisco dizer, entre Deus e Sua Criação. Haveria, portanto, relações cibernéticas dentro dos Reinos Mineral, Vivo (animal e vegetal) e Artificial (Leibniz).
Uma das idéias centrais da cibernética é o conceito de automação. A princípio, pensou-se que uma máquina seria automática se realizasse uma ação independente da vontade humana. Mas isto é praticamente impossível: toda atividade realizada por um mecanismo artificial é condicionada pelo ser humano, o qual lhe fornece “energia de execução” (energia propriamente dita) e “energia de comando” (comunicação de ordens). Mesmo a Matrix “onipotente” do filme homônimo depende do ser humano para existir: mesmo que tenha sobrepujado o homem em termos de “energia de comando” — pois é ela quem controla –, ainda necessita dele na forma de “energia de execução” (baterias humanas). A automação, na verdade, só se refere ao grau de “energia de comando” (programação) armazenado no sistema: um computador só é automático na medida em que estabelecemos quais decisões ele poderá tomar frente a determinadas circunstâncias.
O sonho da cibernética, portanto, não seria senão o desenvolvimento de uma máquina que se aproximasse do ser vivo, algo como o super computador HAL 9000 do filme 2001-Uma odisséia no espaço, o qual se mostra capaz de tomar decisões independentes da vontade humana. Imagine viajar e ter uma conversa inteligente com sua própria nave! Ou, por que não?, com seu próprio carro. Seria como naquele antigo desenho Cocotas e Motocas (alguém se lembra?), onde os veículos falam e tem vida própria. E sabe o que mais? Existem algumas fontes — claro, fantásticas e improváveis — que afirmam já ser real tal sonho! Uma delas é o chileno Luis Antônio Soto Romero, para quem foi supostamente revelado como se constroem os discos voadores, os quais seriam de criação divina, seres inteligentes destinados a transportar os filhos de Deus através do Cosmos. (Independentes, portanto, da “energia de comando” humana, mas não da divina.) Pelo que eu pude entender, os planetas recebem tal “tecnologia” por puro merecimento. (Pelo jeito permaneceremos com os Fokker 100 da TAM…) Outra dessas fontes é — advinhem — o Livro de Urântia, no qual podemos ler a respeito dos “serafins transportadores”, os quais correspondem mais ou menos ao que o Sr. Romero disse acima. Mas, enfim… será tudo maluquice? Talvez, mas prefiro seguir o que disse Espinosa: “Non ridere, non ludere, neque detestari, sed intelligere” (Não rir, não lamentar, nem detestar, mas compreender).
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Escritos de Luis Antônio Soto Romero (trechos):
“Presenciar como se constrói um Disco Voador, é presenciar como se constrói o supremo vivente; as maravilhas da Terra desaparecem ante tanta grandeza, e a recordação do que se presenciou não se apaga jamais do espírito.”
“… os Discos Voadores se constroem de fogo mental solar; são microscópicas linhas de infinitas cores; predominando nas linhas, a cor da filosofia que mais predomina no pensar do Pai Solar; é uma cor em que dentro de infinitas matizes, predomina um branco, que representa a Inocência Solar; é por isso que estas Naves possuem uma cor branco metálico; é de uma beleza jamais vista na Terra; se estas Naves se deixassem ver em todo seu esplendor, a humanidade paralisaria; todos cairiam em um sonho; é por isso que suas visitas são controladas…”
“…os Discos Voadores são criados com tripulantes e sem tripulantes; tudo depende do propósito de seus criadores; e existem na Construção destas Naves uma verdadeira e amorosa rivalidade de poderes; aqui se trata de quem cria a Nave mais perfeita para penetrar maiormente ao Universo; e esta rivalidade Celestial não tem nem Princípio nem Fim; é tão eterna como o próprio Pai…”
“…os Discos Voadores que hão tentado raptar criaturas em diferentes épocas, são criaturas Rebeldes que se tentam, e julgados são por perturbar o livre arbítrio de criaturas que pediram provar uma vida de carne…”
“…assim também nascem os Discos Voadores; quando estas Naves sentem que sentem, vêem e ouvem tudo quanto acontece ao redor; nascem com livre arbítrio; e o conservam por toda a eternidade; eles vêem seu processo de materialização; vêem como o metal prateado as invade e sentem que vão passando a outra dimensão; sentem que nascem de novo…”
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Os serafins transportadores segundo o Livro de Urântia (trechos):
Los Transportadores. Todos los grupos de espíritus ministrantes poseen sus cuerpos de transporte, órdenes angélicas dedicadas al ministerio de transportar a aquellas personalidades que no pueden por sí mismas viajar de una esfera a la otra. El quinto grupo de los serafines superiores tiene su sede en Salvington y sirve a los viajeros del espacio desde la sede del universo local y hacia la misma. Como otras subdivisiones de los serafines superiores, algunos fueron creados como tales mientras que otros han alcanzado este nivel a partir de grupos más bajos o menos dotados.
p430:5 39:2.9 La «gama de energía» de los serafines es totalmente adecuada para el universo local y aun para los requisitos del superuniverso, pero no podrían soportar jamás las demandas de energía correspondientes a un viaje tan distante como es el de Uversa a Havona. Este viaje tan exhaustivo requiere las energías especiales de un seconafín primario de dotes de transporte. Los transportadores cargan energía para el vuelo mientras están en tránsito y recuperan su fuerza personal al fin del viaje.
p430:6 39:2.10 Aun en Salvington los mortales ascendentes no poseen formas personales de tránsito. Los que ascienden deben depender del transporte seráfico al avanzar de un mundo a otro hasta después del último reposo de sueño en el círculo interior de Havona y el despertar eterno en el Paraíso. Posteriormente, ya no dependeréis de los ángeles para trasladaros de universo a universo.
p430:7 39:2.11 El proceso de transporte con serafín no es muy diferente de la experiencia de la muerte o del sueño excepto que existe un elemento temporal automático en el ensueño del tránsito. Estás conscientemente inconsciente durante el descanso seráfico. Pero el Ajustador del Pensamiento está plena y totalmente consciente, de hecho, excepcionalmente eficiente puesto que eres incapaz de oponer, resistir o de manera alguna impedir su tarea creadora y transformadora.
p431:1 39:2.12 Cuando viajas por serafín te duermes por un período específico de tiempo, y despiertas en el momento indicado. La longitud de un viaje durante el sueño de tránsito no es importante. No estás directamente consciente del pasaje del tiempo. Es como si te durmieras en un vehículo de transporte en una ciudad y, después de descansar un sueño reparador toda la noche, te despertaras en otra metrópoli distante. Has viajado mientras dormías. Así pues vuelas a través del espacio, enserafinado, mientras descansas duermes. El sueño de tránsito es inducido por el enlace entre los Ajustadores y los transportadores seráficos.
p431:2 39:2.13 Los ángeles no pueden transportar cuerpos combustibles carne y huesos tales como los que tenéis ahora, pero pueden transportar todas las demás formas, desde la morontial más baja hasta la más elevada espiritual. No funcionan en caso de muerte natural. Cuando finalizas tu carrera terrenal, tu cuerpo permanece en este planeta. Tu Ajustador del Pensamiento se dirige al seno del Padre, y estos ángeles no se ocupan directamente de la reconstitución subsiguiente de tu personalidad en el mundo de estancia de identificación. Allí tu nuevo cuerpo es una forma morontial, una forma que puede viajar en serafín. Tú «siembras un cuerpo mortal» en la tumba; y «cosechas una forma morontial» en los mundos de estancia. (Urantia Book cap.39)