Depois de ler uma biografia do Albert Schweitzer, decidi ler a de Chico Xavier, escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior. (Atenção: não sou espírita.) A fé e o espírito caritativo do médium estavam dentro do que eu esperava. (O cara era praticamente um santo.) Suas experiências sobrenaturais estavam acima das minhas expectativas. (Sua infância foi muito mais dramática que a do garoto do filme O sexto sentido. Suas experiências psíquicas, puro realismo fantástico. Sua juventude e vida adulta, pura ralação.)
Agora, o que realmente me espantou foi esta informação:
“Em outubro de 1958, Chico tomou uma decisão surpreendente: iria experimentar o ácido lisérgico. Perguntou a Emmanuel (nota: seu guia espiritual, desencarnado) se ele poderia fazer a experiência com amigos de Belo Horizonte. O guia se ofereceu para promover a “viagem”. Por duas vezes ele experimentou um sucedâneo astral do LSD e viveu as duas possibilidades da viagem: o inferno, na primeira, e o Céu, na segunda. Claro, o inferno, quando estava mal, e o céu, quando se sentia bem. (Huxley explica? Não só.) E Emmanuel deu a receita para se ter uma ótima viagem: nas semanas que antecedem a experiência (se possível, por toda a vida), praticar a caridade — o serviço amoroso ao próximo –, observar o silêncio interior e, claro, muita oração. Com isto, Chico viveu o Céu na Terra durante quatro dias inteiros. (Deus explica.) A conclusão de Emmanuel: “Nós estamos aqui para cumprir obrigações, não para gozar um céu imaginário ou fantasiar um inferno que devemos evitar”.
E, enfim, pergunto eu: você é capaz de imaginar o Chico Xavier doidão? Um cara que vê e ouve espíritos por todos os lados, que coisas não terá visto e ouvido? O livro dá uma ligeira idéia…
(As vidas de Chico Xavier, Marcel Souto Maior – SP: Editora Planeta do Brasil.)
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