Durante a reunião ficou decidido que eu realizaria a entrevista. Comentou-se que, embora eu fosse o menos experiente nesse campo — e quem tem experiência num curso de jornalismo? –, eu era o mais preparado em termos de leitura e informação necessárias para levar a tarefa a cabo. Claro que fiquei satisfeito. Mas como não poderia estar também apreensivo? Eu iria entrevistar duas grandes personalidades, duas exceções da nossa obscura intelectualidade, dois homens que tiveram suas trajetórias marcadas por polêmicas, escritos bombásticos e uma rara mistura de virtual reacionarismo com real vanguardismo: o jornalista e ensaísta Mauro Austris e o semiólogo e escritor Roberto Eca. Ambos estavam em Brasília, onde profeririam, na UnB, uma palestra sobre o primeiro – e segundo eles, também o último – livro escrito em parceria: Paralíticos e Desintegrados.
Nosso encontro se deu numa suíte do Kubitschek Plaza, no Setor Hoteleiro Norte, onde estava hospedado Roberto Eca. Quando cheguei, ambos estavam na metade dum Pinwinnie – 12 anos. Austris, com uma pompa irônica, ofereceu-me um Cohiba. Declinei da gentileza dizendo que não fumava charutos, senão outro gênero de fumo. Esperei de ambos um sorriso cúmplice que, para meu constrangimento, não ocorreu. Propositadamente, creio.
Austris era alto, corpulento. Eca era baixo, gordo. Ambos traziam uma avançada calvície que Eca tentava inutilmente compensar com uma barba espessa. Minha juventude parecia ao mesmo tempo ameaçá-los e descontraí-los. Charlavam com vivacidade, mas apenas entre si. Encontravam meu olhar inexperiente e aparte para apenas nele buscar minha admiração. Pareciam acostumados a atuar segundo a imagem que supostamente todos teriam deles.
A entrevista principiou por iniciativa de Austris, que me incitou a ligar o gravador. Não tinham a noite toda, lembrou-me com extremo tato. Se tivesse sido grosseiro não teria me enervado tanto. Eca sorriu, insuflando-me alguma tranqüilidade.
Segue-se a integridade do texto:
Gazeta Uenebense: Vocês sempre demonstraram um pensamento independente e até certo ponto rebelde. Por que resolveram escrever um livro a quatro mãos?
Eca: Já conhecíamos o trabalho um do outro e num encontro, em fins do ano retrasado, aventamos a possibilidade desta parceria. Pareceu-nos que poderíamos complementar a visão crítica que ambos possuímos, eu de um ponto de vista mais sistemático e metódico, acadêmico enfim, e Austris com seu apurado olhar jornalístico e, ao mesmo tempo, erudito.
Austris: Na verdade, nós pretendíamos delatar a vacuidade da cultura contemporânea e acusar seus principais fomentadores. Quando vimos que isto era inútil, ridículo e redundante, resolvemos fazer terrorismo escrito. Por covardia, por não termos peito para literalmente explodir os alicerces do refugo cultural em que estamos metidos, resolvemos tentar atacá-los literariamente. Nosso livro é uma singela granada de mão. Precisaríamos — para atingir nosso objetivo — dum míssil nuclear.
Gazeta Uenebense: Algumas pessoas afirmam que foram vocês que planejaram aquele atentado à bomba na Academia Brasileira de Letras…
Austris(muito irritado): Nada a declarar!
Eca: Estamos aqui para falar do nosso livro…
Gazeta Uenebense: Mas…
Austris(levantando-se): Eu bem que te falei, Eca! Não tenho que dar satisfações, vou-me embora.
Gazeta Uenebense: O.k., o.k., desculpe… Podemos continuar? (Austris torna a sentar-se, olhando indignado para o chão.) Bem, por que não pretendem repetir a dose? (Austris fita-me ameaçadoramente.) Refiro-me a escrever juntos…
Eca: Acho que por nos empenharmos tanto nesse trabalho acabamos também por nos ferir reciprocamente. Houve momentos em que um servia de espelho ao outro e, assim, víamos uma imagem bastante patética: um ser decadente que chora a derrocada do seu mundo. E, afinal, quem quer ver a verdade? Sim, esse trabalho foi deveras doloroso, não pretendo mais escrever frente a um espelho. É mais suportável, embora não menos doloroso, olhar para dentro de si.
Austris(resmungando): Claro que a gente tampouco concorda em tudo. Temos nossas divergências.
Gazeta Uenebense: Vocês falam e escrevem como se vivêssemos o fim dos tempos…
Eca(sorrindo): E não é o final dos tempos? O que é o Apocalipse? Não é o Livro da Revelação? As coisas hoje estão se revelando pra quem quiser ver, revelando-se em sua inconsistência e mediocridade. Nada mais é feito para durar além do tempo que dura um modismo. Você vê por exemplo essa idéia de editar clássicos da literatura em papéis higiênicos… Nada mais significativo.
Gazeta Uenebense: Mas se não fosse essa idéia eu jamais teria lido Joyce e Maupassant.
Austris: E também jamais teria cagado na obra de ambos.
Gazeta Uenebense: Mas vocês não acham necessário tornar a cultura disponível? Aproximá-la das massas?
Eca: A massa é um buraco negro – assimila tudo e não devolve nada. Na época áurea da Cultura — o período produtivo e são da nossa hoje civilização esclerosada — essa massa não existia, o que existia era o povo, e somente este é capaz de ação. Se tiverem entre eles uma única cabeça, claro…
Gazeta Uenebense: E qual a diferença entre povo e massa?
Eca(coçando a cabeça): O povo é um conjunto de presenças; a massa, de ausências… A massa é indício de fim.
Austris: O povo fede e a massa tem cheiro de Avon (risos).
Eca: Ou ainda: o povo tem peso, tem os pés no chão. Já a massa é um conjunto de corpos perdidos no espaço. Não tem peso, só massa.
Gazeta Uenebense: Quem são os Paralíticos e quem são os Desintegrados?
Eca: Paralíticos são esses europeus que já não têm nada de significativo a acrescentar à Cultura Ocidental, pois a alma ocidental já foi totalmente expressa, seja religiosa, científica, filosófica ou artisticamente. Com “esses europeus” quero dizer “todos os europeus”. Aos europeus só lhes resta contemplar a invasão de seus países pelos povos colonizados. Quando a língua árabe tornou-se a segunda língua na França, você viu quantas famílias francesas abandonaram o país? Só no sul do Brasil chegaram mais de cinqüenta mil num único ano. E eles vivem em verdadeiros guetos, guardando sua cultura e seus refinados costumes como se cuida de um frágil cristal, e com eterno medo de nós, bárbaros brasileiros. E o orgulho por possuírem tal cristal é agressivo. Se continuam assim, esses europeus correm o risco de serem os novos judeus, uma cultura terminada e sofisticada, fadada a viver em meio a outros povos jovens ou atrasados. É uma mistura explosiva. Os bárbaros não suportam serem olhados de cima para baixo…
Austris: E feliz ou infelizmente é um processo natural. Os conquistadores, por cuidar da sua conquista, transformam-se em escravos e vítimas do que conquistaram.
Eca: Desintegrados somos nós, apêndices da cultura, povos colonizados, semi-ocidentais. Vivemos segundo a forma de uma cultura que não bate com nosso coração, e assim estamos condenados a viver.
Austris(fazendo um muxoxo): Esses imbecis do nosso país — pretensos artistas e intelectualóides — estão sempre tentando definir e descrever a “brasilidade” e o “brasileiro”, mas estes ainda não floresceram totalmente ou nem sequer existem. Na realidade, somos um aborto que sobreviveu, uma cultura com má formação genética, a qual se apropriou dos piores genes da Cultura Ocidental. Somos atrofiados culturais da mesma forma que os norte-americanos são hipertrofiados, mas somos ambos aberrações da natureza. O cérebro norte-americano é tão deformado quanto o cérebro duma pessoa que sofre de gigantismo, e, como esta, tende a morrer cedo. Duzentos anos é muito pouco para uma civilização.
Eca: A verdadeira cultura brasileira só existirá realmente quando pudermos visitar Manhattan como quem visita as pirâmides de Gizé…
Gazeta Uenebense: Esta não é uma análise muito pessimista?
Eca(muito sério): Se você se calar agora e serenamente encarar o fato de que estará morto um dia, isto seria pessimismo? Claro que não. Nossa consciência dos fatos não é desesperada, não vamos nos suicidar. É certo que, para um ocidental legítimo, a extrema preocupação com a morte da própria cultura pode ser algo muito perigoso, levando, inclusive, à insanidade. A rejeição deste fato natural foi — sem qualquer sombra de dúvida — um dos fatores que levou Hitler ao seu destino. No seu cotidiano, ele vislumbrou a decadência já em curso e, não sabendo compreendê-la, iludiu-se ao colocar a culpa de tal senilidade cultural na influência judaica. Tudo porque o ocidental tornou-se semelhante ao judeu. Isto está muito claro no seu livro Mein Kampf. Mas nós — feliz ou infelizmente, quem sabe? — somos apenas semi-ocidentais. Não nos entristece tanto ouvir os estertores do ocidente. O verdadeiramente triste é ficarmos órfãos do único pai que temos, muito embora ele não nos ame tanto, afinal, somos fruto de um estupro cometido por ele.
Austris(evasivo): Somos filhos de cigarra, condicionados a viver como formigas.
Gazeta Uenebense: Vocês poderiam falar dessa alegoria da cigarra presente num dos capítulos do livro?
Austris(fazendo careta): Bem… Primeiro é preciso entender um aspecto do caráter europeu. A alma é extremamente moldada pela paisagem e pelo clima. Imagine como era enfrentar um inverno europeu na idade-média, sem cobertores ou aquecedores elétricos, ou mesmo a gás, sem os tecidos sintéticos apropriados para baixas temperaturas, sem a penicilina, sem um saneamento urbano ótimo, sem as técnicas modernas de estocagem de alimentos, sem essa merda toda… O inverno era um inferno, e se o europeu-formiga não trabalhasse metódica e sistematicamente na primavera e no verão, morria de fome e frio no inverno. A lógica sistemática era uma necessidade natural. Agora pense no Brasil. Imagine o que os índios achavam daqueles ETs brancos que trabalhavam a natureza como se a qualquer momento pudesse sobrevir uma nevasca… Aquilo era um absurdo! Para que armazenar alimentos que se encontram o ano inteiro? Para que pescar dez peixes se hoje só necessitamos de dois? Este é o país das cigarras, não se faz necessário um trabalho de formiga para depois se esconder e sobreviver ao inverno. Aqui se trabalha todo o ano pro carnaval e não pro inverno. Nada mais justo, trabalhar pra unir todas as cigarras na mesma cantoria. Que o mais representativo dos nossos eventos carnavalescos seja um pastiche insosso e de mau gosto, não passa dum sintoma circunstancial. E se hoje pensa-se que o brasileiro é preguiçoso e incompetente, é porque se espera que ele trabalhe segundo uma forma européia de existência. Se fomos programados pra funcionar segundo esse padrão europeu, nossos corações sentem que não estamos na Europa e daí o conflito. São Paulo não é uma cidade real, é surreal (risos).
Eca: E infelizmente toda essa lavagem cerebral só terminará junto com a dissolução de todo o mundo ocidental.
Gazeta Uenebense: Vocês falam da derrocada da civilização como se fosse um fato evidente. E a tecnologia? Não será ela um indício de progresso e evolução? E ela não poderia garantir a permanência da nossa civilização?
Austris: Se um homem está moribundo num hospital, os aparelhos apenas lhe podem dar uma sobrevida. Não garantem a vida eterna, nem mesmo um coma eterno. Se a tecnologia puder fazer algo, será apenas isto: prolongar o iminente estado comatoso. Se me permitem o pleonasmo, não é a tecnologia que anima o mundo, é a alma…
Gazeta Uenebense: Mas é fato que a tecnologia melhora nossa vida…
Eca(professoral): Esse extremo e avançado desenvolvimento tecnológico não é outra coisa senão uma característica da Cultura Ocidental. A técnica noutras culturas era desenvolvida para realizar uma função pré-determinada. Era mais uma das características daquela cultura. Mas a técnica, na Cultura Ocidental, é uma de suas maiores expressões. Aqui não se cria um aparato para simplesmente realizar determinado trabalho. Thomas Alva Edison é apenas uma exceção que confirma a regra. Porque aqui o que interessa é a “vitória”, é a “busca do infinito”. Não se descobriu a fissão nuclear para se construir usinas ou bombas, mas para “dominar” um fenômeno da natureza, para vencê-la. Não se “conquista” — atente bem para esta palavra — a lua ou Marte para que pesquisas científicas pretensamente essenciais sejam realizadas, mas para provar que isto é possível para a mais capaz das culturas. No fundo, tudo não passa de fórmula Indy, de competição com a natureza e com os deuses abandonados.
Austris: Não é à toa que essas naves espaciais tenham essas formas fálicas. Inclusive aquele foguete que foi a Marte era roxo…(risos). Só faltou escreverem nele: Nós somos Machos!! (risos).
Gazeta Uenebense: E em que tudo isto atrapalha o progresso?
Eca: A mente européia está velha e cansada. Não foram os norte-americanos que chegaram à lua. Foi Werner von Braun. Eles não fizeram a bomba atômica. Foi Oppenheimer. Atrás de toda grande conquista tecno-científica, há um europeu, muitas vezes um alemão. Os norte-americanos não têm capacidade para isso. Toda motivação norte-americana está na superfície e para se criar é necessário um impulso interior. Quando realizam algo de virtual importância, tudo não passa de uma colagem de veleidades fragmentadas. Eles só sabem inventar lanchonetes estúpidas onde quem lhe serve é o pior dos serviçais: você mesmo.
Gazeta Uenebense: E a realidade virtual?
Eca: A realidade virtual já existe há muito tempo. Todo gênero artístico – cinema, pintura, literatura, etc. – é num certo sentido realidade virtual. A diferença é que agora será eletrônico-digital. Como outros gêneros terá outros usos além do artístico. O próprio mundo forjado pela mídia e pelo consumismo, dentro do qual vivemos, é essencialmente virtual. É criação e idéia nossa. Convivemos e interagimos mentalmente — e até fisicamente — com imagens e simulacros de coisas reais. Os norte-americanos têm a Disney World na Flórida e palmeiras de plástico nas avenidas de Las Vegas. Os japoneses têm praias tropicais e pistas de esqui artificiais. Nem mesmo esses prostíbulos virtuais de imersão total, que acessamos pela internet, são uma inovação. Afinal, um prostíbulo verdadeiro só nos oferece afeto virtual.
Austris(pensativo): Os japoneses… Os japoneses só sabem aperfeiçoar: retirar o que está sobrando, acrescentar o que falta. São mais estetas que técnicos. Isto porque tanto para eles quanto para os outros povos, falta esse impulso interior de vencer a natureza. Nós outros, nesse campo técnico, só podemos reproduzir e muito, muito mesmo. Como crianças que aprendem a fazer bolhas de sabão, fabricamos e espalhamos produtos avidamente. Tanto que acabaremos por quebrar os norte-americanos e os europeus. Tanto que os afogaremos em lixo plástico-eletrônico. Eles nos deram o poder de liquidá-los com suas próprias armas. Somos mais numerosos e nossa força de trabalho é mais barata. Hoje em dia, mesmo nos EUA, só se vêem carros chineses na rua.
Eca: É verdade. Isto liquidará o Ocidente: a falta de estímulo interior e o excesso de estímulos exteriores. Na Europa, qualquer jovem bem dotado prefere ser campeão de esqui ou snow-board a ser um cientista. Pra quê? Já não temos ciência o bastante? Pra que chegar a Marte se podemos conquistar os inúmeros picos nevados do planeta? No fim das contas é tudo a mesma coisa.
Austris: Você viu o que fez aquele tataraneto do Freud? Escalou o Fitzroy de ponta-cabeça(risos).
Gazeta Uenebense: Em meio a todos esses pretensos fatos que vocês enumeram, não vejo razões para não ser pessimista…
Austris: O Eca pode não ser, mas eu sou pessimista! É uma baita sacanagem eu ter nascido nesta época! Época gagá que esquece o passado…
Eca: Claro que nossa cultura ainda poderá dar frutos tardios. Mas por mais sofisticados que possam ser, não terão a força anímica dos frutos do passado. Um teclado computadorizado não possui o mesmo valor daquilo que Bach realizava com um órgão rústico. E nós, abortos do mundo ocidental, quase-brasileiros, ainda podemos fazer algo, algo realmente bárbaro: aproveitar-nos desses frutos, pervertê-los, pisoteá-los; sermos realmente antropofágicos, deglutir tudo o que vier de fora, toda a tradição e, então, vomitá-la. Destruir as formas de existência ocidentais que não se harmonizem com nosso clima e paisagem, atirá-las ao solo como adubo, a daí algo nascerá. Não estamos falando aqui do fim do mundo, do final dos tempos, falamos de Culturas, no sentido mais lato desta palavra. Uma Cultura é um ser vivo e, como todos nós, é mortal. Outras Culturas hão de nascer, sempre foi assim e assim continuará sendo. Talvez o Brasil seja realmente o país do futuro. Só que até lá, estaremos todos mortos.
Austris: Aquele papo de sermos espelhos um do outro, eu até que engoli, Eca. Mas você quer atacar novamente de profeta e, pra mim, isto sim é o fim. É por isto que nos envenenamos tanto neste trabalho. Já te disse e torno a dizer: esta idéia, Eca, me parece uma bobagem. Você conseguiu vestir um pessimismo cru com as roupas do otimismo. Quem é você pra dizer o que virá a ser?! É bem provável que as sementes duma próxima grande cultura estejam no Paraguai ou mesmo na Rússia, que é uma terra similar ao Brasil, um país semi-ocidental. Toda essa especulação é ridícula e vã! Estamos presos ao presente e a ele devemos dar atenção.
Eca: Estou apenas sendo realista, Mauro. O presente não nos pertence. Só nos resta, então, preparar o solo para o futuro. O que vier, tudo bem, virá. Nisto você tem razão. Já discutimos isso.
Austris: Infelizmente essa sua noção de tempo é ocidental. Eu, nesse ponto, sou índio. Só me interessa o agora, e o agora é uma merda. (Irritado:) Que se foda o futuro!! Não quero me sacrificar por nenhuma geração futura…
Gazeta Uenebense: Austris, você morou vinte anos em Nova York. E você, Eca, mais ou menos o mesmo tempo dividido entre Milão e Paris. Onde vocês estão em casa? aqui ou lá?
Austris: Aqui eu me sinto em casa no sentido de que posso cuspir no chão, se quiser. Em Nova York, posso andar de meias em casa, pois sei que não pisarei no escarro de ninguém(risos). Em outras palavras: aqui me sinto um ser virtual num mundo real; lá, sou real num mundo virtual. Como o Eca já disse, essa pretensa nova criação, a realidade virtual, na prática, já existe há muito tempo…
Gazeta Uenebense: E você, Eca?
Eca(pensativo): Não sei, eu realmente não sei…
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Nota: Ainda não consegui compreender por que vetaram esta entrevista. Em seu lugar foi publicada uma reportagem sobre a difusão de cultura brasileira através de suas telenovelas. Austris enviou-me o seguinte fax: “Rá, rá, rá, rá, rá…”
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(Extraído de A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau.)
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