O texto que virá mais abaixo é minha resposta ao seguinte comentário:
A new comment on the post #3306 “Amigos suicidas” is waiting for your approval:
Author : Jane (IP: 189.94.67.32 , 189.94.67.32)
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Comment:Há alguns dias, me acometi de uma tristeza imensa…
Domingo dia 27 de abril eu resolvi, me vi com minha família completa e quis levar aquela imagem feliz, tomei uns anti-depressivos muito fortes, ouvindo uns flash backs, com copos e mais copos de um bom vinho, me senti leve e fui adormecendo e achei que seria o fim, em minhas mãos só escrevi tudo em letras maíusculas, pedindo PERDÃO a meus pais, na tarde do dia seguinte, me vi em um hospiral [SIC] com minha mãe com o mesmo sorriso que creio eu que tenha sido o mesmo ao qual ela me viu pela primeira vez, hoje me sinto melhor, estou na minha casa meu pai reagiu de uma forma calma, só que não sei se ainda tenho certeza que vou continuar com minha vida !!!
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Carta a uma jovem suicida
Cara Jane, eu tenho andado com uma preguiça de rachar o chão tanto no que se refere a escrever neste blog quanto a responder a comentários em geral e a provocações bobas de listas de discussão. Mas este seu comentário no blog — assimilado junto com o café forte que acabo de fazer — me causou um sentimento de urgência pungente. Talvez eu até precise dar uma pausa para ir ao banheiro, entende?, mas… enfim. Você está realmente pensando em se matar? Quer mesmo tentar de novo? Bom, tenho então algumas coisas a lhe dizer:
1) Se você não crê em Deus e muito menos em vida após a morte — “coisas” em que eu, hoje, acredito piamente — lembre-se então que, segundo essa sua visão de mundo, não haverá outra chance para você. Se você se matar, este raríssimo “acidente cósmico” chamado vida e esse “acaso científico” aparentemente milagroso chamado planeta Terra nunca mais terão a chance de despertar em você aquela chama interna que nos domina cada vez que vemos uma bela paisagem (me lembro particularmente da manhã de ano novo de 1993, quando pisei nas águas geladas da praia de Morro de São Paulo, na Bahia), a chama que nos domina cada vez que olhamos nos olhos de uma pessoa amada, que rimos do sentido absurdo e inesperado de uma situação que nos salva a pele, que percebemos a expressão de agradecimento de alguém a quem acabamos de ajudar, que testemunhamos a inocência tranqüila de uma criança diante de um perigo que nos mataria de medo e assim por diante. Essa chama não tornará jamais a ser possível para você. Se você acha que, após esta vida, sobrevirá o “Nada” — que aliás não pode ser imaginado (tente!) — então eu pergunto: para quê adiantar sua chegada se mais cedo ou mais tarde ele virá por si só?… Sim, eu sei. Dá para especular pelo outro lado: se o futuro for o irremediável Nada, por que não adiantar sua chegada? Sim, esta pergunta também é pertinente. Mais cedo ou mais tarde tudo perderá o sentido e a razão de ser, não é? Mas… perderá mesmo? De que sentido falamos? A princípio, parece que não dá para conhecer a verdade desse tema sem passar pela experiência, não é? E, no fundo, talvez você esteja se sentindo tão presa à sua própria caverna interior, que o Nada total, absoluto, tal como o sono profundo, soe como uma promessa de alívio. E a morte é também uma tentativa de escapar à dúvida, não é? Mas de que vale fugir de uma dúvida — “essa vida vale a pena?” — para outra (“terei alívio”)? No final das contas, o problema é o seguinte: tudo o que é possível é também imaginável — e nós não podemos imaginar o Nada absoluto! (Vide Mário Ferreira dos Santos.) Logo, há de ser impossível qualquer tentativa de atingi-lo. Algo virá após a morte. Mas o quê? Daí eu passar para o número…
2) Se você crê que possa haver algo semelhante à vida após a morte — mesmo que ainda não creia completamente em Deus — tente imaginar como seria essa continuação. Eu já imaginei isso um milhão de vezes, desde a infância. Como no texto postado acima, volto a dizer: nunca vi uma possibilidade mais assustadora que a desse livro Memórias de um suicida. O que lhe aconteceria? (Não julgue nada por enquanto. Apenas tente imaginar o que lhe vou dizer.) Talvez exista em nossos “corpos causais” — ou em nossos genes — uma data fixada para a nossa morte. Terminado o nosso prazo de vida, nos tornamos infinitamente vulneráveis. Antes do fim deste prazo, estamos como que protegidos. Algumas pessoas estão programadas para morrer crianças ou adolescentes, outras, bem velhas. Assim, para algumas linhas espíritas, não haveria “acidentes”. (Atenção: não sou espírita.) Cada qual morreria na “hora certa”. Mas haveria um fator capaz de violar essa lei: nossa liberdade de escolha, nosso livre arbítrio. Apenas nossa própria vontade poderia adiantar a data fatídica. O problema é que a programação continuaria intacta, isto é, seu corpo físico seria eliminado, mas não o seu prazo de vida, o que acarretaria uma sobrevida cheia de vicissitudes e agonias, num corpo semelhante ao seu corpo físico, até que o seu tempo de vida original fosse alcançado. Isto significa que, se você se matar com tranqüilizantes aos 20 anos de idade, poderá ficar se arrastando por aí, num estado de embriaguez alternado com momentos de inconsciência, mais uns 30 ou 50 anos… Uma situação de hospício, algo verdadeiramente infernal… Não seria interessante? O livro Memórias de um suicida traz um sem fim de pessoas mortas com tiros, venenos, atropeladas por trens, etc., que, após serem deixadas num vale, ficam por ali berrando, gritando, lamentando-se, surtando, muitas completamente deformadas e feridas, até que finde o tempo que deveriam ter vivido na carne. Há cenas piores do que as do filme A Volta dos Mortos Vivos, circunstâncias completamente trash. E não há como resgatar esses suicidas antes do prazo final simplesmente porque permanecem num estado alterado de consciência, sem saber que morreram, mergulhados num sofrimento lancinante, voltados para o próprio umbigo, tal como numa bad trip provocada por drogas, no caso, a “droga da morte por suicídio”… E quem sou eu para dizer que não é dessa forma que as coisas se passam? Você afirmaria categoricamente que não é?… Tudo bem, eu sei, este argumento é bem parecido com o argumento do Bicho Papão, né. Tem pouca serventia para pessoas ousadas e/ou céticas. “Ah, se você se matar, o Bicho Papão vai pegar você…” Isso não segura os destemidos. Vamos, pois, ao número…
3) E se Deus existir? Dizem alguns textos sagrados que o maior presente que o ser humano pode dar a Deus é fazer a Sua Vontade. Dizem ainda que a vida é um dom de Deus. Você sabe o que é um dom? É um presente também. Deus a presenteou com a vida. Como você se sente quando alguém lhe devolve um presente que você deu com tanto gosto? Triste, não é? Creio que Deus há de se sentir da mesma forma. Não li o livro citado acima inteiro, portanto não me lembro se havia pessoas, entre os suicidas, que por acreditar em Deus apelavam a Ele em meio a seu sofrimento pós-morte e, graças a isso, reduziam a sua “pena”. Mas me parece uma situação completamente plausível. Se a lei — essa que estabeleceria os prazos de vida — veio de Deus porque Ele não poderia dar “um jeitinho” caso alguém Lhe solicitasse fervorosamente? O problema é que, em geral, pouquíssimos suicidas — não estou contabilizando os islâmicos, que são um caso à parte — pouquíssimos suicidas crêem de fato em Deus. Logo, nem devem se lembrar Dele durante suas bad trips… Agora, conforme os islâmicos tão bem exemplificam, acreditar em Deus, ao contrário do que acreditei por algum tempo, não é uma garantia de que alguém jamais cometerá suicídio. Esta não é a hora de indicar livros, mas não posso deixar de sugerir a leitura de Viktor Frankl. Ele foi um médico e psicólogo que passou todo o período da Segunda Guerra Mundial internado num Campo de Concentração nazista. Leia, por exemplo, O Homem em Busca de Sentido. Ele percebeu que, entre os prisioneiros, apenas aqueles que tinham uma razão para viver, um significado pelo qual lutar interiormente, conseguiam resistir àquela vida horrível de sofrimentos inconfessáveis. Há algo no homem que aponta para a frente, em direção a um objetivo e, quando esse alvo deixa de existir, o homem definha e morre. Qual é o sentido da sua vida, Jane? Você o conhece? Eu, particularmente, creio que haja um sentido universal que nos engloba a todos — conhecer a Deus — e outro ligado à vida pessoal de cada um. Eu, Yuri Vieira, ainda estou vivo porque percebi que deveria insistir em criar. Porque eu também “sou aquele estranho monstro, o artista” (Henry James). Enfim, eu estava cheio de pudores, não pretendia divulgar o conteúdo da minha carta de suicídio citada acima, mas acho que há uma boa causa agora para fazê-lo. Eis o que escrevi em 1996, quando então morava em Brasília:
“Meus queridos
“Eu sempre me perguntei se o suicídio seria uma coragem ou uma fraqueza e, por mais que me questionasse, não alcançava solução cabível. Hoje eu sei: para o nobre, suicídio é coragem; para o vulgo, covardia. Vocês então pensariam que eu me acreditava um nobre e que meu ato traduzia coragem. Não, nada disso. Talvez por pura pretensão, ou melhor, por puro engano — talvez até por uma aguda percepção — eu me soubesse um nobre em potencial. Repito, em potencial. Pois não tive paciência, capacidade, enfim, não tive coragem de esperar o desabrochar de tal nobreza de espírito. Getúlio Vargas matou-se após completar sua obra — provou sua nobreza, morreu com coragem. Eu, morro como covarde.
“Claro, não foi a primeira vez que pensei nisso. Desde a adolescência sonho com minha morte. Minhas depressões dissipavam-se com tais fantasias e, ao final, não eu mas algo em mim morria, deixando-me a paz de espírito como herança. Infelizmente fui perdendo pouco a pouco tão útil capacidade onírica e, hoje, só a realidade poderia levar a cabo tal missão.
“Não, não tenho medo da morte. Eu já a senti algumas vezes e ela pareceu-me boa. O que realmente temo é a possibilidade de não-realização. Por medo dela, eu me mato. Pois tenho, desde muito, cultivado meu ser para grandes criações — não posso trair meu destino, mas posso esquivar-me de seu raio de ação, sendo que o que está fora é a própria morte. O destino contém sua própria impossibilidade, pois nada pode ser absoluto.
“Eu estou cansado. E estou envergonhado por estar cansado — aos olhos alheios — com tão pouco. Meu sofrimento é pequeno, mas minha dor é grande. Tampouco suporto repisar caminhos trilhados já tantas vezes: o “lobo da estepe”, “coitado do Álvaro de Campos”, que nunca será nada! Mas para quê tanto pudor? Realmente não tenho importância absolutamente nenhuma.
“Não se culpem por meu ato.
“Todo meu amor,
“Yuri.”
Cara Jane, perceba como o ego é traiçoeiro e tenta nos passar a perna através dos mais ínfimos detalhes. Como diz o Diabo no filme O Advogado do Diabo: “A vaidade é definitivamente meu pecado favorito”. Naquela época, como ainda hoje o é, meu ego era imenso. Eu era um estudante autodidata, entre vários outros assuntos, de tudo o que se relacionava ao budismo e ao zen-budismo. Aos poucos, fui aprendendo a me vigiar, a observar as artimanhas do ego contra o todo da minha consciência. Mas a vida é um eterno caminhar na corda bamba e, ao acreditarmos ter chegado “lá” (iluminação? samadhi? graça? lucidez?), ocorre que é justamente este o momento em que voltamos a nos perder. Nesta carta, utilizei uma lábia sofística para justificar um pretenso suicídio por “humildade”. “Não sou um nobre, sou um covarde; não tenho nenhuma importância, etc.” Contudo, por trás desse papo furado, não estava senão um ego insatisfeito com sua miserável condição… de ego. E não foi a fé em Deus quem me salvou na ocasião. Claro, hoje não duvido que Ele tenha agido pelos bastidores. O fato é que, naquele mesmo dia, minha então namorada, uma estudante de psicologia na UnB, apareceu lamentando-se de sua orientadora metida à besta. Eu estava mergulhado numa crise existencial tão profunda, que tudo o que ela me falou de sua professora não me impressionou senão de forma humorística. Para mim, o caso todo era ridículo, uma ninharia, um nada comparado à minha dor anímica. Embora risse com sinceridade, minha namorada ia se irritando com meus comentários sarcásticos, como se eu não desse a mínima importância a seus sentimentos. No dia seguinte, porém, ficou feliz ao encontrar sob sua porta o primeiro conto que escrevi — Maria Eu-gênia — para o livro que publicaria quase dois anos depois: A Tragicomédia Acadêmica. Ela fora minha musa. Não foi a única, mas deu o ponta pé inicial para um trabalho — um sentido! — que me tiraria do buraco da depressão e me jogaria no prazer quase infantil que é criar. Sim, já não considero esse livro lá muito bom. Mas recebeu elogios de pessoas que muito admiro e me abriu algumas portas.
De tudo isso, o mais importante, para mim, foi compreender profundamente uma das falas de Krishna no Bhagavad Gïta: “O ego é o pior inimigo do Eu e o Eu é o melhor amigo do ego. O ego é um péssimo senhor, mas um ótimo servidor”. Eu então aprendi que não devia continuar lutando contra meu ego, que não devia tentar reduzi-lo ou eliminá-lo, simplesmente porque o mero fato de ele ser ego já o torna quase um nada. O ego é uma interface, uma maneira de me relacionar com meus semelhantes e até comigo mesmo. Ele é aquilo que a gente pensa que é, mas ao qual a gente não se resume. Hoje, pouco me importa se ele — minha máscara social, meu Mini-Me interior — parece ter o tamanho do estádio do Maracanã ou o comprimento do rio Amazonas. Basta com que ele não seja o senhor da totalidade da minha consciência. Que seja excêntrico, que seja biruta, que seja engraçado, que seja ora obscuro e confuso, ora límpido e direto, que seja isto, que seja aquiloutro, pouco importa: ele não deve dominar o meu ser. Essa é a lei. Posso lhe dar liberdade, mas não o poder; posso lhe dar expressão, mas não as rédeas da minha vida. É um equilíbrio delicado. Para isso — aprendi mais tarde — não basta vigiar: é preciso também orar. Conforme escreveu Baudelaire: a oração é uma verdadeira operação mágica. Conversar com o Pai Celestial e esperar, em silêncio, sua “resposta sem palavras” me mantém equilibrado no arame da vida. Ele me ajuda a compreender quem EU sou realmente. Graças a isso, eu hoje até posso parecer bastante louco — mas nunca me senti tão lúcido e sereno. Mesmo quando minhas palavras são contundentes, bizarras, estranhas, agressivas, sinto-me tranqüilo “lá atrás” dessa máscara, observando meu estilo a se expressar livremente. Claro, às vezes a gente se distrai e deixa a máscara grudar na cara, o que nos causa mil e um problemas e embaraços. (“A vaidade é meu pecado favorito, etc.”) Mas trata-se de um lapso momentâneo — logo, orai e vigiai. Talvez você não entenda como tudo isso é possível. Caso queira entender primeiro o porquê, sugiro a leitura de alguns dos meus textos, principalmente o Megalômano não: mestre de um universo, Imortalidade e Transferência e Tlön, Urântia, Borges, Deus. Contudo, estou certo de que, no estado em que você se encontra, mais palavras, mais conceitos, mais informações apenas irão encher ainda mais a sua tempestade mental de ventos de dúvida e granizos de dor. Portanto, vamos ao…
4) Se você ainda quer se matar, tenho uma sugestão: que tal uma simulação de morte antes? Um simulador é sempre uma forma eficaz de melhorar a experiência ulterior. Se isso não fosse verdade, pilotos de avião não treinariam em simuladores de vôo. Até aquele novo piloto de Fórmula Um — o Lewis Hamilton — sempre experimenta, num vídeo game, a reprodução virtual da mesma pista que irá percorrer posteriormente no mundo concreto. Quando ele entra no carro (real), já está cansado de saber quais serão as seqüências de curvas que irá enfrentar. Embora um simulador não seja a “coisa real”, pode dar uma boa idéia do que ela pode vir a ser. E — perguntaria você — qual seria esse “simulador de morte”? Resposta: vá até a União do Vegetal mais próxima da sua casa e diga ao mestre responsável que deseja participar de um ritual. Não vá ao Santo Daime porque é muito chato aquele negócio de ficar bailando e cantando ao mesmo tempo em que tenta viver o processo. Não estamos tratando aqui de qual é a melhor seita ou religião, mas de quem oferece a melhor Experiência de Quase Morte (EQM). Desde logo, já aviso: não faço parte da União do Vegetal e só experimentei a tal “oasca” duas vezes na vida. Sim, na própria União do Vegetal. Não indico tal experiência a qualquer um. Na verdade, prefiro dizer: “Se você quiser saber como é morrer, vá, se não quiser, não vá”. Já é o suficiente para assustar muita gente que não teria nada a ganhar ali. Pois não creio que seja uma boa idéia tornar-se assíduo e ficar retornando à beberagem todo final de semana, conforme é costume da maioria dos “praticantes”. Vi que muita gente passa a usar a substância como muleta para resolver todo tipo de problema pessoal. Tornam-se dependentes psíquicos, o que é muito ruim: “Ai, fulano não me ama, apenas me maltrata, como devo me comportar? Vou lá tomar um vegetal pra descobrir…” É como se a mente de alguns deles passasse a funcionar apenas quando abastecida com aquele combustível. Mas não são todos, há muita gente boa e séria lá também, como em todo lugar. Da minha parte, prefiro encarar essa experiência com a oasca (ayahuasca, ahuascar, vegetal, etc.) como se fosse a viagem à Meca de um muçulmano: basta uma vez na vida. Talvez duas ou três com o intervalo de alguns lustros. Por que não? Não tem muçulmano que volta à Meca? Pois então. Mas lembre-se: relaxe, endireite a coluna, respire com o diafragma, feche os olhos e… segure na mão daquilo em que você acredita. Porque lá vem a tempestade, o barco irá afundar, o avião irá cair, o carro irá capotar, a bomba irá explodir, você será arrebatada, algo (você?) deixará seu corpo… Não há como fugir. É como morrer, uma vez que você experimenta ao menos dois estágios do Modelo Kübler-Ross:
1. Isolamento e Negação
2. Raiva
3. Negociação
4. Depressão
5. Aceitação
E, quanto mais cética é a pessoa, quanto mais materialista e incrédula, pior é essa premente morte virtual. Porque ela não consegue Aceitá-la. Um amigo meu, conforme me contou mais tarde, não apenas vomitou e se contorceu feito um epilético — certamente efeitos da Negação, Raiva e Negociação — mas também babou, chorou, suou, escarrou, cagou, mijou e, ainda segundo ele, até saiu caspa de seus cabelos e cera de seus ouvidos… Sim, ele exagerou um pouco em seu relato. Mas é verdade que também desmaiou e, salvo engano, no banheiro, com as calças arriadas. Quase matou de paranóia o professor de arquitetura que o levou até lá. Foi, até hoje, o caso mais grave no centro em que esteve. E olha que nem vou comentar sobre a bad trip interior dele. Basta saber que, quando vem a “borracheira”, tudo o que é sólido se desmancha no ar. Para quem se agarra às coisas temporais, para quem fundamenta sua vida em princípios contingentes, nada sobra. Contudo, o nada não existe, lembra-se?… Enfim, ainda quer se matar? Vá até lá e finja que está tomando veneno. Tem gente inclusive que acha a oasca um veneno mesmo, logo, por que perder essa oportunidade? (Mas jamais, em hipótese alguma, tome o chá fora da União do Vegetal ou fora de um grupo religioso organizado! É um alterador da consciência! É perigoso! É preciso que haja pessoas responsáveis por perto para protegê-la.) Minha primeira experiência não foi lá das melhores. Mas a segunda… Hmmmm… Só eu e Deus, nosso Pai Amado, sabemos como foi… Basta que você mantenha em mente o seguinte: o diamante é uma gelatina em comparação com a fé. Mas atenção! Com as coisas divinas ocorre justamente o contrário do famoso ditado: é preciso crer para ver. Não vá até até lá para “experimentar Deus”, para tentar descobrir se Ele realmente existe. Deus não é um objeto para o sujeito cognoscente, não é um experimento científico de colégio. Quando chegar a hora, é Ele quem irá experimentá-la e, para tanto, basta beber água de torneira…
É isto, Jane. Não sei o que mais poderia lhe dizer, já que não conheço os detalhes do seu caso. Espero tê-la ajudado de alguma forma. Fique bem e não faça besteira. Ou seja: não se mate, mulher! Não devolva o presente que recebeu!! Deus a perdoaria antecipadamente, mas o perdão mais difícil é aquele que devemos a nós mesmos.
Beso ;-)
Yuri
P.S.: Orai e vigiai.
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