Fim de semana passado, enquanto zapeava pela Net, fiquei surpreso ao me deparar com um profícuo debate entre dois candidatos à presidência dos EUA: o deputado democrata Matt Santos (juro que não é meu parente) e o senador republicano Arnold Vinick. Nunca ouviu falar deles? Muito justo, afinal, tratava-se de mais um episódio do seriado “The West Wing”, o conhecido simulacro reverso do Big Brother orwelliano, isto é, o pseudo-reallity show no qual os poderosos é que são observados. No entanto, a disputa fictícia entre os candidatos não trazia temas ou problemas irreais, senão que, para quem até hoje não conhece a diferença entre essas duas correntes da democracia americana – a democrata e a republicana -, esse episódio serviu de introdução, uma vez que ficaram bem evidentes as diferenças de princípios entre os debatedores.
Vale dizer que, nas poucas vezes em que assisti à série, senti sempre o forte viés democrata, por parte do roteirista, ao tratar dos diversos assuntos em pauta. Toda solução, ali na Ala Oeste, sempre passava pelo aumento da ação do Estado sobre a vida dos cidadãos – tendência esta originalmente democrata. (Bush é, em certo sentido, um republicano plagiário.) Mas até que o debate entre os candidatos, não tendo sido tão parcial como o restante da série, foi satisfatório. O candidato republicano foi respeitado e conseguiu dizer o principal: defende acima de tudo a liberdade dos cidadãos e a redução do Estado, com benefícios óbvios tanto para a livre iniciativa quanto para o bem estar geral, uma vez que a sangria através de impostos escorchantes seria diminuída drasticamente. Já o democrata disse aquilo mesmo: o Estado precisa controlar o mal intrínseco ao capitalismo, precisa manter ou elevar os impostos para então estender ainda mais seus tentáculos por toda a sociedade, o que evidentemente tornaria tudo mais bonitinho, arrumadinho, justinho, corretinho, equilibradinho e assim por diante. (Caramba, como ando republicano!) Aliás, nada como ver a democracia com seus dois lados em pleno exercício de suas prerrogativas e direitos.
Só agora me veio a conclusão lógica disso tudo: o Martin Sheen finalmente vai deixar a Casa Branca? Viiiinick! Viiiinick! Viiiinick! (Pô, a gente já viu como supostamente é – ou deveria ser – uma presidência democrata. Que tal vermos agora o que o roteirista realmente acha dos republicanos?)