Soneto do Desmemoriado

Quantas vezes censurou-me a memória:
«Diz o já dito! Do novo se esquece!
«Datas? Nomes? Tudo aí se arrefece!
«Meus esforços? Pra você são escória!»

Que pena não ser bem mais esquecido!
Quisera eu já não tê-la em minha mente!
Pernas, olhos, voz, mãos — a boca quente!
Quisera não ser da dor o marido!

Para esquecê-la eu seria capaz
De fumar três mil quilos de maconha
Ou de restaurar com um tiro minha paz.

Claro, isto tudo faria e muito mais
(Porque afinal não sou um pamonha)
Se ela sentisse que me amou jamais.

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Outubro de 2012.

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