Sonetos Fora do Corpo – parte 1

Eis uma série de sonetos, escritos dois anos atrás, que eu, talvez, ainda venha a completar. Mas atenção: sou um péssimo poeta! Meu negócio é prosa! Tanto que o mesmo sonho lúcido, no qual me inspirei para escrevê-los, deu origem a alguns capítulos do Eu odeio terráqueos!!.

(I)

Foi numa noite de muito cansaço
Que por primeira vez larguei o mundo…
Sim, deixei escorrer o que tinha ao fundo
De minh’alma – tralhas duras qual aço.

Cada pensamento, um parafuso
Cada imagem girando feito porca
E aquela sensação de García Lorca
A tornar-me outra cópia sem uso.

Restou-me “morrer, dormir, sonhar talvez”
E o corpo a buscar na cama um regaço
E a infantil esperança do “Era uma vez…”

Os carros voam… Toda uva passa…
Vou eu sonhando, sem saber que o faço,
Cenas falsas… Gente de fumaça…

(II)

Em meio a essa onírica prisão
Vi-me a andar por extenso passadiço
Trevas, pó e teias – postas feito liço –
Baniam da rua toda a visão.

Pé ante pé, na direção da luz
Fincava olhos sobre muitos trastes
Restos dum comércio – flores sem hastes
Até avistar da Sé só uma cruz.

Eis-me então a sair dum alto prédio
Sujo e chamuscado como os demais
E as poucas almas, recendendo a tédio,

Passeavam como sobreviventes
De vastos e indiferentes funerais
Diante destes olhos inconscientes.

(III)

Formando com as mãos uma viseira
Meio sonso contemplei toda a praça
Buscando o porquê da falta de graça
De local tão afeito à zoeira.

Foi com surpresa que, às minhas costas,
Me deparei com grandes amigos:
Paulo a estranhar seus dois umbigos
E Daniel pisando em duas bostas.

“Ei!”, eu ri, “se cocô fosse cobra…”
Mas Daniel não mirou onde apontei
Nem mesmo Paulo, ‘inda a olhar sua obra.

Vi, pois, que pareciam dois zumbis
Surdos a qualquer dos causos que contei
E desisti sem sequer mais um bis.

(IV)

Voltei então a observar a rua
E localizei, próxima à esquina
De brinquedos uma farta mina
Grande loja, de vendedores nua.

Movido por sã nostalgia à infância
Presto virei-me, com brilho no olhar
Para meus amigos, ‘inda a embalar
Suas mentes em naus sem qualquer instância.

Foi um só movimento e um só susto:
Senti meu corpo na cama a girar!
Meu coração batia em mais de um busto!!

Logo vi: “Isto não é senão um sonho”
Ao Daniel falei: “É de pirar!”
E enfim disse ele: “Ô dia medonho…”

(V)

Mas por não entender tal comentário
Refiz minha asserção: “meu, isto é um sonho!”
“Nesta idéia minha mão eu não ponho”
Tornou Daniel, com cara de otário.

Tentei comprovar: “Só faça o que eu faço”
E as mãos ergui, rotando meu tronco
– Qual ginasta a evitar ser um bronco
Pra repercutir a cama em meu braço.

Paulo também abandonou a mudez:
“Co’aqueles papos mirabolantes
Lá vem o Yuri, todo insensatez!”

Pensei: “Crêem ambos qu’estão despertos
É melhor, pois, dos burros falantes
Não parecer eu um dos mais espertos…”

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