Este é um soneto que me vi obrigado a escrever, em 1995, após enganar dois amigos, por mais de duas horas, com a tal brincadeira do copo. Um deles, cético de carteirinha, ficou p da vida por ter acreditado em espíritos por um breve intervalo de tempo. (Mentira, na verdade ele ficou foi zangado por não ter mais motivos para acreditar…)
Nos sonhos dum amigo logrei entrar
E rigidez onírica vi ali
A anelar movimento lá e aqui
Tal como prisioneiro a procura de ar.
A criança que em mim não quer senão brincar
Viu monte de areia do qual senti
Matéria pra castelos de Gaudí
A esperar, de certo, nestes se tornar.
Qual criança que o tempo ignora
Pus-me ao amoral trabalho sem saber
Que tudo por fim o fim devora.
Magoado rechaçou-me meu amigo
De seus sonhos sem então sequer ver
Que nada (é) dura(o), cristal ou seu umbigo.