Há uns dois anos assisti a um filme chamado “O Mestre das Ilusões“, escrito pelo sinistro Clive Barker (do Hellraiser), que — apesar de paulatinamente ir tornando-se mais trash — me deixou com uma pulga atrás da orelha. Nele vemos a história de um sujeito — um, digamos, aprendiz de feiticeiro — que acaba por matar seu mestre, um cara que, se não é o próprio, é no mínimo parente do demo. Enfim, o rapaz mata o “do mal”, mas este, antes de bater as patas, lhe penetra com os dedos a cabeça, fazendo-o ver o mundo como ele, o demo, vê (oi matrix!), e dando-lhe grandes poderes. Esse moço passa a ganhar a vida… sabem como? Como mágico, ilusionista. E o cara carrega pra lá e pra cá um monte de caixas enormes, pesadas e vazias só para enganar seus funcionários e demais curiosos, fazendo-os acreditar que ali estão os seus truques. Mas não: o cara voa mesmo, desaparece sim, sem falar em mais um monte de absurdos. Ao final do filme — que assisti na Casa do Sol –, fiquei pensando: será que o David Copperfield… não… não, não pode ser… isso é o que dá curtir realismo fantástico.
Bom, meses depois comecei a ler os livros do tal Li Hongzhi (foto acima), aquele chinês exilado em Nova York, líder da “seita” Falun Gong. (Detalhe: apesar de — como pesquisador do “fantástico” — ter lido o Zhuan Falun, não sou seguidor da tal seita.) Falun Gong (Falun Dafa) é aquela gente que o governo chinês está perseguindo, prendendo e matando, com a desculpa de que eles incutem superstições e mentiras na cabeça do povo, pragas antimarxistas, tais como: existe vida após a morte; extraterrestres visitam nosso planeta; praticar o qigong (um exercício semelhante ao tai qi) e seguir o caráter do universo — “verdade, tolerância e compaixão” — nos despertam poderes latentes (projeção astral, abertura do “olho celestial”, levitação, modificação da estrutura atômica do nosso corpo, etc., etc.); existem vários mundos invisíveis, cada qual governado por um mestre, e a Falun Gong possui o seu; o mestre Li Hongzhi, durante a iniciação de seus discípulos, coloca a “falun” (roda da lei) no chakra manipura (sobre o umbigo) — se não me engano — , a qual não é senão um artefato de matéria sutil que, segundo ele, ajuda o “cultivador” a absorver “substância de alta energia” ou gong. Se o discípulo não seguir o “caráter do universo”, e voltar a adquirir carma (“substância negra“) em suas relações com o semelhante, a falun cairá e será muito mais difícil voltar a “cultivar seu coração“. O “espírito chefe” (o ego) é quem decide ou não seguir os sublimes ditames do “espírito assistente” (Eu superior ou divino). Bem, estou fazendo um super resumo da coisa toda. Só me chateia quando um amigo vem e me diz que os caras devem ser loucos, só porque continuam enfrentando a polícia para poder fazer “exerciciozinhos” na praça da Paz Celestial… Quem quiser ler o Li Hongzhi vai se surpreender. O site deles é www.falundafa.org .
O que isto tudo tem a ver com o que eu dizia? Bem, depois de ler mil coisas interessantíssimas do mister Li, me deparo com um trecho de seu livro, onde afirma que existem muitos “alquimistas” como ele no ocidente, todos capazes de realizar aparentes milagres, pois tudo afinal não passa de técnica. Quem por exemplo? Ele responde: David Copperfield (!!!) (foto), e explica como o cara realmente atravessou a Grande Muralha da China durante aquele “truque”. Para piorar, outro dia me meti no site do “mágico” e, lendo sua biografia, dou com a informação de que ele, quando criança, via os mortos. (Diria o Hongzhi: com seus “olhos celestiais”.) Humm… logo a seguir vem um comentário do tipo: “mas não se impressione, isto é uma bobagem…”
Uma ex-namorada minha — amiga da Baby do Brasil (Consuelo) — conheceu o Thomas Green Morton, que ela rotula de “do mal“, e disse que o cara é impressionante, que pinta o sete, o oito, etc., etc. Durante um show da Baby, por exemplo, esferas de luz ficaram voando sobre o público. Alguém aí sabe algo sobre esses caras que agem no plano físico como se estivesse no astral, como se estivessem… na matrix?
ps1. A Fundação Urântia me enviou correspondência, afirmando que o Livro de Urântia já foi traduzido ao chinês e que está sendo muito bem aceito. Deixa só o governo chinês acabar com essa história de ideologia materialista. Quando rolar, sai de baixo, afinal, a mistura de orientais com viagens religiosas costuma gerar verdadeiras erupções…