Cotas, cocotas e sem cotas

— O senhor é negro. É anão…

— Sim.

— É cadeirante.

— Isso.

— É gay?

— Sim. E mulher.

— Como?

— Mudança de sexo.

— Ah, ok. Interessante isso.

— Pois é.

— Bom, pelo acúmulo de cotas… já é juiz federal! Nem precisa prestar o concurso.

— Que ótimo! Obrigado. Digo, obrigada.

— É só assinar aqui.

— Ih.

— O que foi?

— Também sou analfabeta. Não sei nem ler, nem escrever.

— Ah, que sorte!

— Por quê?

— Nem precisa fazer carreira. Há uma nova lei de cotas para isso: você já vai direto para o STF. E olha que um ministro acaba de se aposentar.

— Ai, que felicidade! É tão bom viver num país que nos dá condições de melhorar de vida!

Neste momento, as paredes são derrubadas e uma horda de estranhos seres invade o recinto e come todos os presentes. O sistema estava tão lento e tão cheio de falhas que alguém resolveu formatar o disco. Ninguém sobreviveu.

Cai o pano. Fim.

(Ninguém aplaude.)

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