O brilho do FestCine Goiânia — Rosalvo Leomeu

Os filmes participantes da mostra competitiva da terceira edição do Fest- Cine Goiânia, Festival de Cinema Brasileiro, continuam sendo exibidos diariamente no Cine Ouro até esta terça-feira, dia 27. O festival foi realizado da quarta- feira, dia 7 até a última quinta- feira, dia 15, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, quandoforamconhecidos os vencedores. O evento foi marcado pelo brilho de presenças importantes do cinema nacional e certamente pela leveza e charme de Bruna Lombardi, que compareceu à abertura do festival e no final acabou levando o prêmio de melhor longa metragem com O Signo da Cidade, do qual ela assinou o roteiro e dirigiu em parceria com o marido Carlos Ricelli.

Dentre as personalidades marcantes do circuito cinematográfico do Brasil que compareceram ao Cine Ouro estiveram- Neuza Borges, John Hebert, Germano Pereira, Thelma Reston, e Cláudia Librach.

Com a programação o goianiense teve acesso a 102 filmes, entre longas, curtas e vídeos. Houve uma intensa programação para adultos e crianças. E é claro que houve vibração e torcida. E decepções também. É o caso por exemplo de quem torceu para o filme Mutum, baseado na Obra de Guimarães Rosa, que não ganhou nada. Isso mostra que nem sempre uma grande obra literária é garantia de premiação ou de sucesso nas telas. E, seguramente que transpor o rico e complexo universo roseano para o cinema não é tarefa fácil. A decepção dos goianos com o filme embasado em Guimarães Rosa certamente renderia um comentário de um dos seus personagens, Riobaldo, que poderia expressar a seguinte opinião: “Nonada. Resultado que o senhor ouviu, carece de explicação. É fruto da incompreensão de quem não vê, mas desvê a alma desses gerais”.

Elogio a Goiânia

Bruna Lombardi, quando abriu o festival elogiou o verde que predomina na paisagem de Goiânia e a considerou um exemplo para o país. A artista conquistou o público ao declamar versos do poeta Manuel de Barros que dizem o seguinte: ‘Eu sou uma pessoa do interior. Carrego um forte sentimento do interior. Bem que eu merecia ter nascido goiano. Ela não compareceu ao final do festival, mas seu filme ganhou os prêmios de melhor longa de ficção, melhor roteiro de ficção, melhor ator (Juca de Oliveira), melhor ator coadjuvante ( Luís Miranda). Ou seja, se ela já tinha empatia com Goiânia, agora é que vai aumentar o xodó.

O prêmio de melhor longa documentário foi conquistado por Engenho de Zé Lins, baseado na obra do escritor paraibano José Lins do Rego, autor de Menino de Engenho, que mostra inclusive depoimentos do poeta Thiago de Melo sobre o escritor. E ganhou ainda o prêmio de melhor longa documentário com Vladimir Carvalho. A premiação do documentário certamente coloca na ordem do dia o livro do escritor e deve chamar a atenção do público escolar para a sua temática e servir de apelo para leituras do mesmo.

Curta goiano

No setor regional, na mostra competitiva o documentário “Na Boca do Lixo”, de Lígia Benevides e Marcela Borela, ganhou o troféu de melhor curta goiano. Já a melhor direção goiana foi para a ficção Espelho, de Yuri Vieira e Cássia Queiroz. E o drama a Última Clareza, de Amarildo Pessoa, conquistou o prêmio estímulo da Secretaria Municipal de Cultura. Na categoria de vídeos universitários, os vencedores foram Raizeiros: O Som que vem da Terra, de Mariley Carneiro, da Faculdade Alfa e Nosferatu, de Heloá Fernandes e Rodolfo Carvalhares, da Faculdade Cambury.

Na avaliação do prefeito Iris Rezende (PMDB), o papel do festival é criar oportunidades aos valores locais. Já na opinião do secretário municipal de cultura, o escritor Kleber Adorno, “a efervescência cultural em Goiânia resulta do apoio do prefeito e da preocupação em desenvolver uma política cultural consistente, ‘sem pirotecnia”. O que Kleber quer dizer em bom goianês, é que o Paço adota uma política cultural com os pés no chão.

Escrito por ROSALVO LEOMEU.

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