Fábulas de Leonardo da Vinci

Eu já disse diversas vezes que a política me causa terríveis náuseas, tanto como esses vinhos doces e baratos que, em nossa adolescência, nos fizeram rolar pelo chão, cheios de vertigens e promessas de não mais repetir a dose. Grande parte dos políticos vivem de embriaguês, tanto a deles quanto a do povo. Semana passada, a revista Época finalmente publicou uma matéria dando a verdadeira face do MST. Quem leu ou o livro “Doutor Zhivago” ou o os escritos do Che Guevara sabe que a mobilização dos camponeses sem terra – a princípio legítima e digna de toda atenção – não é senão, quando em mãos de politiqueiros revolucionários, mais uma forma de embriagar e atordoar o restante da sociedade. É um perigo. Sempre o mesmo papo totalitarista da coletivização dos meios e modos de produção. Sempre o mesmo papo anti-indivíduo, anti-iniciativa individual, anti-liberdade humana. Bom, não estou a fim de voltar a essas coisas podres, a essa gente que insiste em se apegar a idéias mortas e comprovadamente falíveis. (Quantos não morreram no século XX devido a tantas boas intenções?) Basta a leitura dessa fábula do Leonardo da Vinci para se compreender a total falta de bom senso dessa gente:

A parreira e a velha árvore

“Uma parreira, a fim de sentir-se mais segura, apoiou-se fortemente numa velha árvore. Suas companheiras, agarradas às estacas que o vinhateiro havia colocado com essa finalidade, perguntaram:

– Por que você escolheu uma velha árvore para se apoiar? E se ela morrer, que vai fazer você?

A parreira, tranqüila e satisfeita com sua escolha, não tomou conhecimento das companheiras. Agarrou-se ainda mais fortemente ao velho tronco, certa de que viveria mais tempo que todas as outras vinhas.

Porém a árvore vivera muitos anos. Era tão velha que não agüentava mais. Estremecia ao menor sopro de vento e muitos de seus galhos já estavam secos e mortos. Um dia, finalmente, caiu com grande estrondo e ficou deitada na grama. A tola parreira, sempre envolvendo-a, caiu ao chão junto com ela.”
(Fábulas, Ar. 42v.)

Infelizmente, no presente caso, as parreiras representam apenas os legítimos agricultores sem terra, pessoas modestas e necessitadas, mas incapazes de reconhecer a senilidade das ideologias nas quais se apóiam, ou melhor, nas quais se embriagam. Já seus “professores”, seus “guias” (füher) são como os tordos de uma outra fábula que, como Fidel Castro e demais totalitaristas, adoram lutar pela queda de certo “Império” para impor outro ainda pior:

Os tordos e a coruja

– Estamos livres! Estamos livres! gritaram os tordos certo dia, vendo que um homem apanhara a coruja.

– Agora a coruja não vai mais nos assustar. Agora dormiremos em paz.

De fato, a coruja caíra numa armadilha e o homem a colocara dentro de uma gaiola.

– Vamos ver a coruja na prisão! disseram os tordos, voando e cantando em volta da gaiola de sua inimiga.

Porém o homem capturara a coruja com outra finalidade – a de apanhar os tordos. A coruja aliou-se imediatamente a seu captor, que prendeu-a pelo pé e colocava-a diariamente em cima de uma estaca, bem à vista. A fim de poderem ver a coruja, os tordos voaram para as árvores próximas, nas quais o homem escondera gravetos cobertos de visgo. E assim como a coruja, os tordos também perderam a liberdade.

Esta fábula é dirigida a todos os que se alegram quando um opressor perde a liberdade. Pois o conquistado logo se torna aliado ou instrumento do conquistador, enquanto que todos aqueles que nele confiam sucumbem a outro senhor, perdem a liberdade, e freqüentemente também suas vidas.
(Fábulas, Atl. 117 r.b.)

Qualquer semelhança com a progressiva perda de liberdade do país que já foi o maior paladino da liberdade individual – os EUA – não há de ser mera coincidência. Ideologias totalitárias – que se propagam pela estatização de todas as relações humanas – não são mais que vírus mentais. Abra os olhos…

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